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O Segundo Mandamento da Igreja







Willian Oliveira de Sá[1]

 

A Boa Mãe é incansável e persistente

"Senhor, deixa-a ainda este ano para que cave ao redor e coloque adubo"[2]


A Santa Mãe Igreja, preocupada com a saúde espiritual de seus filhos, apresenta-lhes através da autoridade de seus pastores, direcionamentos, regras, normas, mandamentos e virtudes que emanam da fé em Cristo e trará vida, se forem praticadas pelo amor-caridade, como afirma o Catecismo da Igreja Católica.

 

Tais ditames revelam o rosto bondoso de Deus estampado no seu corpo Místico, em que oferece ao mundo a salvação e a paz por meio da obediência aos mesmos e a conformação da própria vida ao Mistério da cruz do Senhor, atualizada, ou, presentificada diariamente na Sagrada Liturgia e na celebração dos Sacramentos, nos quais também é oferecida a nutrição da alma.

 

Toma-se aqui a reflexão a respeito do segundo mandamento da Igreja: ''confessar-se ao menos uma vez por ano''. Diante disso, é provável surgir dois tipos de indagação: ''Não seria pouco confessar-se apenas uma vez ao ano?'' e também, ''por que razão a Igreja obriga a confessar-se?'' As respostas são justamente o que explica este mandamento.

 

Para primeira, a resposta é que, evidentemente, sob a lógica duma vida cristã já iniciada na fé ou até mesmo autêntica e fervorosa, a orientação de confessar-se pelo menos uma vez em cada ano é insuficiente para a perseverança assídua no processo de santificação pessoal. Em tal caso, é necessário frequentar o sacramento da reconciliação de modo rotineiro -sugestivamente, ao menos, duas vezes ao mês- para não esquecer os delitos e favorecer o arrependimento e a contrição do coração, tão essenciais para a salvação. Assim, haverá luta contínua contra o que nos separa de Deus; Aquele que nunca se cansa de nos perdoar.

 

Para segunda, tem-se a figura da mãe amorosa que persiste e age sabiamente, usando de forma igual e harmônica, por exemplo, firmeza e misericórdia, no processo de recuperação de seu filho adulto entregue ao vício. Isto ilustra a Igreja, que estando pronta e apressada em acolher e manter a todos em seus braços, usa de sua autoridade dada por Nosso Senhor, para com aqueles que ainda estão no caminho da inserção da vida cristã autêntica, de modo a assegurar, não só a esses, mas a todos os "fiéis o mínimo indispensável no crescimento do amor de Deus e do próximo"[3]


O segundo mandamento da Igreja, portanto, assim como os outros, tem como meio lembrar os fiéis o caráter obrigatório da confissão anual a fim de ficar claro a extrema importância de estar na Graça de Deus. E possui como fim ''a preparação para a Eucaristia pelo referido Sacramento''[4], o qual ''continua a obra de conversão e perdão do batismo.''[5]


Contou ainda esta parábola: ''Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: 'Há três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?' Ele, porém, respondeu: 'Senhor, deixa-a ainda este ano para que cave ao redor e coloque adubo. Depois, talvez, dê frutos... Caso contrário, tu a cortarás’”.[6]

 

Esta passagem faz-nos meditar num fato contido na finalidade do segundo mandamento: Não obstante a cegueira do homem em insistir em permanecer em sua esterilidade, o Senhor acredita na nossa potencialidade de produzirmos frutos de vida, mesmo se já nos acostumamos com a infertilidade da alma ferida pelos pecados. Por isso dá sempre novas chances de recomeço, readmitindo-nos na comunhão com ele, como o amor de Mãe, que é incansável e persistente em perdoar seus filhos. Mas, para assim vivermos, é necessário permitir sempre que Ele cave e coloque o adubo que nos dará a frutificação de seu Amor.

 

Aproximemo-nos, portanto, do sacramento da confissão e tenhamos sempre o coração grato e amemos a Deus por termos a Santa Mãe Igreja e Dela fazermos parte, pois é onde encontramos plenamente a salvação!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

Catecismo da Igreja Católica: São Paulo: Edição Típica Vaticana, Loyola, 2011.


BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada 11ª impressão. São Paulo: Paulus, 2016.


[1] Graduando em Teologia pela PUC-RJ. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. ORCID: https://orcid.org/0009-0003-4249-7844. E-mail: sawillian3@gmail.com

[2] Lc 13, 8

[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 2041- 2043

[4] Ibid, n. 2042

[5] Ibid, n. 1246-1248

[6] Lc 13, 6-7

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