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Os Três Níveis de Participação na Beatitude do Pensamento de São Tomás de Aquino




Carlos Eduardo Carneiro Costa Hermeto[1]

 

A beatitude (felicidade) é o nome que se dá a finalidade última para qual opera a natureza humana.[2] “Conforme o Filósofo no Livro X da Ética, a felicidade última do homem consiste na melhor operação humana que é a sua suprema potência, ou seja, no intelecto em relação ao que é mais inteligível.”[3] Como nada é mais inteligível do que Deus, pois ele é o Inteligível em Perfeição, a felicidade do homem é unir-se ao Criador.[4]

 

É na busca da verdade que se estrutura a beatitude de toda substância intelectual, porque todas as criaturas ordenam-se ao princeps analogatus, Deus, criador de tudo. Essa afirmação está em concordância com a sentença de Aristóteles, “no qual é dito que a felicidade última do homem é especulativa, e se refere à visão do que há de contemplável [...]. Por isso encontra-se intrínseco no homem o desejo de conhecer a causa de tudo.[5]

 

A natureza intelectual consiste em um movimento de saída de Deus[6], que nos cria com a capacidade para conhecer e amar, em vista, de um itinerário de retorno a Ele pela união voluntária.[7] Por natureza, o homem possui um princípio natural da imagem divina que está na forma de sua composição, mas é pela operação das potências intelectuais, intelecto e vontade, que o homem se configura a Deus como imagem e semelhança. [8]

 

Deus, como causa final do homem, excede pela sua simplicidade a capacidade do intelecto conhecê-lo diretamente por si mesmo.[9] Mas se não é possível conhecer a Causa diretamente, é possível certo conhecimento pelos efeitos. As criaturas refletem em suas perfeições a perfeição do Criador.[10] E, o intelecto agente é a potência responsável por este conhecimento natural, pois ele abstrai dos entes materiais as perfeições participadas. Para que nelas o homem reconheça o princípio da criação.[11]

 

Além da capacidade de abstrair, a natureza humana possui princípios inatos que iluminam o homem em virtude para agirem o seu fim. Sejam estes princípios, as virtudes intelectuais, encontradas no conhecimento dos primeiros princípios[12], ou as morais (a sidérese)[13], inscritas na consciência humana pela lei natural.[14] Estes encontram-se no intelecto humano[15], pela própria participação de criaturas intelectuais, que ao seu modo potencial participam da perfeição intelectual divina.[16] E por isso mesmo na ação natural do intelecto segundo (do homem) há uma ação anterior do intelecto primeiro (o divino).[17]

 

Segue-se que pela abstração o agente ilumina vestígios da bondade divina e atualiza o intelecto passivo, possibilitando assim certa apreensão de sua causa final. De tal maneira que tendo aprendido o bem, a vontade pode se mover pelas luzes dos primeiros princípios para ele. “A fonte da perfeição espiritual nos forneceu imagens sensíveis que correspondem às realidades imateriais do céu, pois cuida de nos fazer sua semelhança.”[18]. A natureza intelectual confere ao homem uma imagem natural e imperfeita da perspectiva motriz divina. Pois assim como Deus conhecendo sua própria bondade, movimenta a sua criação para o bem.[19] O homem conhecendo as perfeições e agindo pelas luzes razão natural se move para o bem.[20]

 

O Esplendor da Verdade brilha em todas as obras do Criador, particularmente no homem criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26): a verdade ilumina a inteligência e modela a liberdade do homem, que, deste modo, é levado a conhecer e a amar o Senhor. Por isso, reza o salmista: “Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face” (Sal 4, 7).[21]

 

            Mas somente razão natural não é o bastante para unir o homem a natureza divina. O agente segundo não é autossuficiente, para se configurar maximamente na razão de imagem com o Agente Primeiro, pois “Com efeito, o que é próprio de uma natureza superior, não pode ser alcançado por uma natureza inferior, senão pela ação da natureza superior.”[22] Para que haja um maior crescimento da adequação do homem à imagem divina faz-se necessário a ação da luz da graça[23], que acrescenta no homem pela participação na vida divina as virtudes teologais (fé, esperança e caridade).[24]

 

 

Assim como a luz natural da razão é distinta das virtudes adquiridas, que se referem a esta mesma luz natural, do mesmo modo esta luz da graça que é uma participação à natureza divina é distinta das virtudes infusas que derivam desta luz e lhes são ordenadas. [...] Assim como as virtudes adquiridas aperfeiçoam o homem para que ande segundo a luz natural da razão, do mesmo modo as virtudes infusas o aperfeiçoam para que ande segundo a luz da graça.[25]

 

`           Este auxílio divino (gratia dei) imerecido conferido pela ação do Agente Primeiro, dignifica a substância da alma à uma participação acidental na natureza divina para agir habitualmente segundo a caridade divina (gratia hominibus). Assim o homem passa a ser aperfeiçoado sobrenaturalmente em suas virtudes, pela ação da pessoa do Espírito Santo. Por inspirações exteriores suscitadas por Deus (os dons do Espírito Santo)[26] a razão humana é fortalecida para agir habitualmente segundo a natureza divina.[27] Abraçando por sua livre vontade estas inspirações o homem se torna cada vez mais parecido com a pessoa do Filho, perfeita imagem do Pai. Esta é a via da graça, pela atuação da caridade sobrenatural, o homem progride ainda na terra em assemelhar-se a Deus.[28]

 

Esta adequação se completa na realidade da glória. As almas que no estado presente inclinaram a sua inteligência e vontade àquilo que é maximamente inteligível, receberam diretamente em seu estado futuro o conhecimento essencial da Causa Primeira.[29] Há, porém, uma problemática em afirmar este recebimento da espécie inteligível divina no intelecto, pois Deus não pode ser inteligido diretamente pela própria ação humana.[30] Para a realização da bem-aventurança, existe uma ação do Agente Perfeito que aperfeiçoa o imperfeito em virtude, capacitando-o a unir-se intelectualmente consigo.[31] Este fortalecimento do intelecto humano para a consideração da essência divina em ato é concedido por Deus pela lumen glorie. Luz que atua no intelecto possível capacitando-o a considerar a perfeição divina.[32] 

 

[...] quando um intelecto criado vê a Deus em sua essência, a própria essência de Deus se torna a forma inteligível do intelecto. É preciso, portanto, que lhe seja acrescentada uma disposição sobrenatural, para que se eleve a tal sublimidade. Logo, como a capacidade natural do intelecto criado não basta para ver a essência de Deus, como já se demonstrou, é preciso que lhe seja aumentada a capacidade do intelecto. A este acréscimo de capacidade intelectual nós o chamamos iluminação do intelecto, como chamamos o próprio inteligível lume, luz. É a respeito dessa luz que nos fala o Apocalipse: “A luz da claridade de Deus ilumina.” A sociedade dos bem-aventurados que veem a Deus. Em virtude desta luz os bem-aventurados se tornam deiformes, isto é, semelhantes a Deus, segundo a primeira Carta de João: “quando ele aparecer, seremos semelhantes a ele, e o veremos tal qual ele é".[33]

 

            Portanto, três, são as diferentes medidas, as quais o homem se assemelha a Deus em imagem: primeiro pela sua natureza intelectual, segundo pela vida na graça e terceiro pela participação da glória.[34] A primeira é caracterizada pela ação natural do intelecto; pelo seu próprio agente, o homem exercita pelos primeiros princípios as virtudes naturais para atingir o seu fim. Na segunda via, há uma ação do Intelecto Primeiro, que intervêm de maneira sobrenatural. De tal maneira que há uma dupla ação dos intelectos, pela qual o homem deve acolher cada vez mais a união habitual com a caridade divina. Por fim é o próprio ato de Deus enquanto a forma intelectual perfeitíssima que fortalece o intelecto para contemplá-lo na glória.[35]

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AREOPAGITA, Pseudo-Dionísio. A hierarquia celeste. Campinas, Ecclesiae, 2019.

 

ARISTÓTELES, Metafísica: volume II; ensaio introdutório, texto grego com tradução e comentários de Giovanni Reale; tradução Marcelo Perine. São Paulo, Loyola, 2015.

 

COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, Comunhão e serviço: a pessoa humana criada a imagem de Deus. Tradução de Civiltà Cattolica, IV, p. 254-286, 6/nov de 2004. Disponível em: < https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_con_cfaith_doc_20040723_communion-stewardship_po.html#1)_A_%E2%80%9Cimago_Dei%E2%80%9D_na_Escritura_e_na_Tradi%C3%A7%C3%A3o_  >. Acesso em: 15 nov. 2021.

 

JOÃO PAULO II, Papa. Carta encíclica Veritatis Splendor; a todos os Bispos da Igreja Católica sobre algumas questões fundamentais do ensinamento moral da Igreja; edição digital. Roma, Libreria Editrice Vaticana, 1993. Disponível em: < https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_06081993_veritatis-splendor.html#_ftnref136>. Acesso em: 17/nov, 2021.

 

PICHLER, Nadir Antonio. A beatitude pela vida contemplativa em Tomás de Aquino, Estudos Teológicos São Leopoldov. 51 n. 1 p. 8-21 jan/jun 2011. Disponível em: < http://est.com.br/periodicos/index.php/estudos_teologicos/article/view/142/173>. Acesso em: 6 nov. 2021.

 

THOMAS DE AQUINO, comentário ao Liber de Causis de Santo Tomás de Aquino tradução do proêmio das proposições I, II, III, VI, XV, XXI, XXXI e XXXII, tradução Carlos Frederico Silveira. Synesis (ISSN 1984-6754)[S. l.], v. 4, n. 2, p. 186–220, 2012. Disponível em: <http://seer.ucp.br/seer/index.php/synesis/article/view/272>. Acesso em: 6 nov. 2021.

 

TOMÁS DE AQUINO. Suma contra os gentios, II. Tradução Maurilio José de Oliveira Camello. São Paulo: Loyola, 2015. V.II.

 

TOMÁS DE AQUINO. Suma contra os gentios, III. Tradução Maurilio José de Oliveira Camello. São Paulo: Loyola, 2015. V.III.

 

THOMAS AQUINAS. Questiones Disputatae de Veritate, Questions 1-9. Translated by Robert W. Mulligan, S.J. Chicago: Henry Regnery Company, 1952. <Disponível em: https://isidore.co/aquinas/QDdeVer.htm>. Acesso em: 08 nov. 2021.

 

TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica: a criação, o anjo, o homem, volume 2: I parte: questões 44-119. São Paulo: Loyola, 2016. V.2.

 

TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica: a fé, a esperança, a caridade, a prudência, volume 5: II-II parte: questões 1-56. São Paulo: Loyola, 2021. V.5.

 

ZITZKE, Ângela Sidérese. Um ponto de conexão divino no ser humano? Anais do Congresso Internacional da Faculdades EST. São Leopoldo: EST, v. 1, 2012. | p. 1572-1588. Disponível em: <http://www.anais.est.edu.br/index.php/congresso/article/view/2>. Acesso em: 6 nov. 2021.


[1] Graduando em Teologia pela PUC-RJ. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3761-4105. E-mail: ce.hermeto@hotmail.com  

[2] Toda coisa, por seu movimento ou ação, tende para algum bem, como para o fim como foi mostrado. Algo, porém, participa do bem quando se assemelha à primeira bondade, que é Deus. Portanto, todas as coisas, por seus movimentos e ações, tendem para a semelhança divina, como para o fim último. SCG III, c. 20.

[3] THOMAS DE AQUINO, comentário ao Liber de Causis de Santo Tomás de Aquino tradução do proêmio das proposições I, II, III, VI, XV, XXI, XXXI e XXXII, tradução Carlos Frederico Silveira. p. 186-220.

[4] “Sendo a filosofia moral de Tomás de Aquino essencialmente cristã, Deus é naturalmente colocado como o objetivo final da vida humana. Assim como todos os agentes e moventes ordenam-se ao primeiro agente e movente, de modo necessário, como fim último, a dimensão intelectiva apresenta-se como o motor superior de todas as partes do homem. É ela que move o apetite propondo-lhe um objeto peculiar. [...] Se o fim do intelecto é o fim de todas as operações humanas, o seu fim e bem é a verdade primeira.” PICHLER, Nadir Antonio. A beatitude pela vida contemplativa em Tomás de Aquino, pp. 8-21.

[5] PICHLER, Nadir Antonio. A beatitude pela vida contemplativa em Tomás de Aquino, pp. 8-21.

[6] “Ora a forma do intelecto é a causa do movimento e do existir nos outros entes [...]”. SCG I, C. 72.

[7] Evocando o tema da imagem de Deus, na Gaudium et spes o Vaticano II afirma a dignidade do homem tal como esta é ensinada em Gn 1,26 e no Salmo 8,6 (GS 12). Segundo a visão conciliar, a imago Dei consiste na fundamental orientação do ser humano para Deus. [...] O senhorio do ser humano no cosmos, a sua capacidade de existência social, e o conhecimento de Deus e o amor a Deus, todos estes são elementos que encontram suas raízes no fato de que o ser humano foi criado à imagem de Deus. COMISÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, Comunhão e serviço: a pessoa humana criada a imagem de Deus. Tradução de Civiltà Cattolica.

[8]Logo, foi necessário, para consumar a perfeição do universo, que houvesse algumas criaturas que voltassem para Deus não apenas segunda a semelhança de natureza, mas também pela operação. Essa certamente não pode ser senão por ato do intelecto e da vontade, pois nem o próprio Deus tem, com relação a si mesmo operação diferente. SCG II, c. 46.

[9] STh I, q. 12, a. 1

[10] Cf. STh II, q. 88, a3, co.

[11] Cf. STh II, q. 88, a1, co.

[12] “[…] quod regulae illae quas impii conspiciunt, sunt prima principia in agendis, quae conspiciuntur per lumen intellectus agentis a Deo participati, sicut etiam prima principia scientiarum speculativarum." QDSC, a. 10 ad 9.

[13] “Sidérese, a centelha divina ou consciência humana, é entendida como uma capacidade moral de discernimento que permaneceu com o ser humano após sua queda.” ZITZKE, Ângela. Sidérese; um ponto de conexão divino no ser humano, pp. 1572-1588.

[14] “[...] in nobis quasi instrumenta intellectus agentis, cuius lumine in nobis viget ratio naturalis.” QDV, q. 10 a. 8 co.

[15] et sic impossibile est quod synderesis extinguatur: sicut impossibile est quod anima hominis privetur lumine intellectus agentis, per quod principia prima et in speculativis et in operativis nobis innotescunt; hoc enim lumen est de natura ipsius animae, cum per hoc sit intellectualis; de quo dicitur in Psalm.: signatum est super nos lumen vultus tui, domine, quod scilicet nobis bona ostendit; hoc enim est responsio ad id quod dixerat: multi dicunt: quis ostendit nobis bona? QDV q. 16 a. 3 co

[16] “toda alma é divina por causa do intelecto divino; e todo intelecto é divino consoante sua participação na unidade divina.” THOMAS DE AQUINO, comentário ao Liber de Causis de Santo Tomás de Aquino tradução do proêmio das proposições I, II, III, VI, XV, XXI, XXXI e XXXII, tradução Carlos Frederico Silveira. p. 186-220.

[17] “[...] a causa universal primeira age sobre o efeito da causa Segunda, antes que a causa universal segunda aja sobre o mesmo, da qual segue o próprio efeito. Portanto, quando age a causa Segunda, da qual segue o efeito, não se exclui do mesmo efeito a ação da causa primeira, que está sobre ela.” Ibidem.

[18] AREOPAGITA, Pseudo-Dionísio, A hierarquia celeste, p. 9.

[18] Cf. SCG II c. 46; SCG II c.  47; SCG

[19] Neste aspecto é possível identificar o intelecto agente como imagem imperfeita do motor imóvel. Pois o princípio divino de movimentação é a apreensão do seu próprio bem. Neste caso o que movimenta o homem é a bondade divina que está contida em todas as espécies inteligíveis: “é assim que a natureza intelectual tem uma relação semelhante ao bem que ela apreende por meio da forma inteligível; a tal ponto que, se tem esse bem, nele repousa; se não o tem, o busca.” STh I, q.19, a. 1, co.

[20] Porque é a vontade de Deus que causa o bem da criatura, pois quando Deus ama uma criatura lhe quer o bem que se realiza nesta criatura. A vontade humana ao contrário, é movida por um bem preexistente nas coisas. STh I-II, q. 110, a. 1.

[21] JOÃO PAULO II, Papa. Carta encíclica Veritatis Splendor; a todos os Bispos da Igreja Católica sobre algumas questões fundamentais do ensinamento moral da Igreja.

[22] SCG III, c. 52.

[23] [...] quando se trata de um conhecimento de ordem superior, o intelecto humano não pode conhecer se não for reforçado por uma luz mais alta, a luz da fé, ou da profecia; é isto que se chama luz da graça porque é acrescentada à natureza. STh I-II, q. 109, a. 1, co.

[24] E como essa bem-aventurança excede as possibilidades da natureza humana [...].É necessário, pois, lhe sejam acrescentados por Deus certos princípios naturais certos princípios pelos quais ele se ordene a bem-aventurança sobrenatural [...]. Ora esses princípios são as virtudes teologais.” STh I-II, q. 62, a. 1, co. Cf. STh I-II, q. 62, a. 1; Cf. STh I-II, q. 62, a. 3.

[25] STh I-II,  q. 110, a. 3.

[26] “[...] os dons do Espírito Santo estão para o homem, em relação ao Espírito Santo, como as virtudes morais para a potência apetitiva em relação a razão. [...] os dons do Espírito Santo são hábitos que aperfeiçoam o homem para obedecer prontamente a esse Espírito.” STh I-II, q. 68, a. 3, co.

[27] “[...] se não for movido e conduzido pelo Espírito Santo, ninguém conseguirá herdar a terra dos bem aventurados. Por isso, para alcançar esse fim, precisa o homem ter o dom do Espírito Santo.

[28]  [...] já que há certa comunhão do homem com Deus, pelo fato de que ele nos torna participantes de sua bem-aventurança, é preciso que certa amizade se funde sobre esta comunhão. É a respeito dela que se diz no primeira Carta aos Coríntios: ‘É fiel o Deus que vos chamou à comunhão com seu filho’. O amor fundado sobre esta comunhão é a caridade.” STh II-II, q. 23, a. 1, co.

[29] “Se é natural à alma existir mesmo depois da morte, é-lhe forçosamente natural pensar também de qualquer maneira que seja, e por conseguinte, receber diretamente espécies inteligíveis da luz divina.” NICOLAS, J. N. Nota do tradutor. STh I, q. 89, a. 1.

[30] “Não é possível que alguma substância criada possa atingir, por potência própria, aquele modo de visão divina.”SCG III, c. 52.

[31] Ora, a espécie inteligível, unida ao intelecto, não constitui outra natureza, mas aperfeiçoa-o para conhecer, o que não repugna a perfeição divina. SCG III, c. 51

[32] “[...] Portanto, aquela disposição na qual o intelecto criado é elevado à visão intelectual da substância divina, é dita covenientemente luz da glória, não porque faça inteligível em ato, como a luz do intelecto agente, mas porque torna o intelecto capaz de conhecer em ato.”

[33] STh I, q. 12, a. 5, co.

[34] Primeiramente, enquanto o homem tem uma aptidão natural para conhecer e amar a Deus, aptidão que reside na natureza da alma espiritual, comum a todos os homens. Segundo, enquanto o homem conhece e ama atual ou habitualmente a Deus, embora de maneira imperfeita. Trata-se então da imagem pela conformidade da graça. Terceiro enquanto o homem conhece e ama a Deus atual e perfeitamente. Tem então a imagem segundo a semelhança da glória. STh I, q. 93, a. 4.

[35] Em Tomás de Aquino, a imago Dei possui uma natureza histórica, enquanto passa por três fases: a imago creationis (naturae), a imago recreationis (gratiae) e a imago similitudinis (gloriae) (S. Th. I q. 93 a. 4). Para o Aquinatense, a imago Dei é o fundamento da participação na vida divina. COMISÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, Comunhão e serviço: a pessoa humana criada a imagem de Deus. Tradução de Civiltà Cattolica.

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